quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nosso momento

Havia Sol, um Sol meio frio. Calma manhã barulhenta. Casaco, calça, escova, água, sorriso para o espelho. A porta chiou, e depois de meses, não liguei. Saí com vontade de não voltar. Maldita ansiedade que inchava minhas veias. “Dama-da-noite”, pensei. Cheiro inconfundível que me fez perceber que já estava na calçada. Incrível como o ambiente passa rápido, tão rápido que até parece correr. Ainda mais com aquele céu limpo com pontos pretos espalhados. Lindas aves que se revelaram coloridas ao se aproximarem. Olhei para frente. Estava perto. Contei dez árvores do lado direito até a praia. Vi a 11ª perto do barranco. Um coqueiro fino como um palito de dente. Vento brusco o balançava. Consegui imaginar estalos a cada balanço. Alguns calafrios percorreram minha nuca. Estremeci ao ver que estava 15 minutos atrasada, e mais ainda quando vi que ele não estava lá. Três minutos para me surpreender, me assustar. O ouvi dizer que estava me observando, e que conseguia até lembrar o cheiro de meu perfume. “Você está linda”. Agradeci com um sorriso envergonhado. Ao olhar para baixo, vi sua mão encostar em minha cintura. Não senti, apenas vi. O olhei rapidamente e ele estava sorrindo. Inconsciente, o copiei. Éramos finalmente eu e ele. Apenas eu e ele. Nós. Embaixo do mesmo coqueiro que nos conhecemos. Inesquecível.