sábado, 23 de outubro de 2010

Considere isto

     Relato aqui, o que vivenciei hoje. Fui até um campo de futebol que tem na praia perto de casa com meu pai. Havia, mais ou menos, 30 homens. O mais novo de uns 18 anos e o mais velho de uns 60 anos. Cada jogo tem 15 minutos. Quando cheguei todos estavam com um bom humor. Brincadeiras e piadas rolando o tempo todo, esperando inquietamente os outros chegarem para começarem a jogar. Cada um que chegava, colocava o nome na lista e fazia uma brincadeira, cumprimentava todos com um aperto de mão ou um aceno de longe. Agradável. Após cinco minutos que eu e meu pai estávamos lá, começou o primeiro jogo. Bonito. Não houve brigas, faltas feias, perda de paciência, nem xingamentos. Houve apenas uma brincadeira. Não vi esse momento, mas ao sair meu pai me contou que um menino que estava lá deu um carrinho, e a sorte dele foi que pegou bem na bola, porque ele veio com velocidade. Ele contou a todos que isso aconteceu, mas que ele “deu um toque” ao menino, avisando que lá não havia isso, que até havia conseqüências e o menino entendeu e pediu desculpas. Ouvir isso foi estranhamente bom, já que é difícil achar um lugar aonde vão realmente só para brincar e um menino que joga há uns quatro meses apenas, aceitar numa boa esse toque. Mas havia apenas começado. Sai um time e entram os “esperas”. Como não fazia questão de ver esse jogo, peguei o PSP e comecei a jogar. Senti o clima esquentar um pouco, em relação ao jogo anterior. Houve um pouco mais de palavrões e um pouco mais de agressividade nas vozes e reclamações. Nada demais. Terceiro jogo. Paro de jogar e volto a minha atenção no jogo. Simplesmente ridículo. O jogo começou tenso e não acabou. Xingamentos, reclamações, palavrões tomaram conta e a conseqüência da falta de paciência foram empurrões e um chute forte para mandar a bola longe. O último lance foi meu pai tentando cobrar uma falta. Um jogador do time adversário não deu espaço e meu pai somente olhou para ele e ele deu de ombros, avisando que não sairia dali. Um jogador do time do meu pai chegou e o empurrou, e levou um empurrão depois. Nesse momento meu pai decide sair do jogo falando que não queria mais jogar, porque eles estavam ali para brincar, e não para ficar de palhaçada. Todos fizeram a mesma coisa. Ridículo. Impressionante como as pessoas perdem a paciência em um jogo. Mesmo ele não valendo nada. Incrível como existem muitas pessoas que não admitem perder, e que acabam perdendo muito mais do que um simples jogo com isso. Incrível como existem pessoas que se alteram com um passe errado, uma finalização que não resultou em gol. Mais incrível ainda eram as pessoas que estavam sentadas, esperando para entrar no próximo jogo, que se alteravam mais do que algumas que estavam jogando. Xingavam e criticavam negativamente quem estava jogando. Todos que estavam alterados pareciam ter a mesma idade. Doze. Começo da adolescência, onde tudo gira em torno de si e o pensamento é pequeno. Ganhar, ganhar e somente ganhar, não importando como. Considere esse relato como eu considerei. Será que eles percebem o que fazem? Desgastam-se à toa. Não há jogo, não há risos, não há bons momentos. Há estresse desnecessário. Há perda de tempo. Ao invés de jogar e se divertir, estavam xingando, discutindo discussões passadas, brigando e perdendo um momento que poderia ser apenas um momento de descontração. Ali poderia ser o lugar onde eles esquecem o estresse que a família e o trabalho lhes dão. Mas não. Em uma “pelada” tem que haver discussão. Isso me faz pensar... Será que discussão e jogo popular não se desconectam? Será que na cabeça de doze anos que eles têm durante um jogo, faz bem a eles uma discussão? Não faz sentido. Isso me intriga.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mundo Ilusório

O tudo não pensado


     Sabe aquelas coisas que você fala quando está apaixonada? “Quero para sempre”, “você é e sempre vai ser a minha vida”, “não sou nada sem você”, “você é meu ar, meu chão, minha terra, meu sorriso, minha vontade de viver”. Quanta mentira! Quanta mentira entre duas pessoas só, em um relacionamento, em um sentimento, apenas. No sentimento que dizem ser o mais bonito e puro. Mas tudo bem, tudo isso é aceitável, porque é muita emoção, não é? Mas a questão é, dizemos tudo isso, mentimos tanto, mas durante é verdade. Como assim? Tem tanto sentimento envolvido que nunca paramos para pensar nisso. “É verdade agora, que se foda o depois”. Ilusão. Você ilude. Você é iludido. E isso, durante todo o amor dividido. Aí o “para sempre” acaba. Espera aí, sempre não é sempre? Eu disse... Ilusão. Acaba o que era para sempre e começa o sofrimento. Mas para quê sofrer por algo que nunca existiu? Tá, o amor existiu. Mas o “para sempre” não. Você sofre pelo amor? Ou pela promessa não cumprida? Tanto faz. Você sofre pelo insensível. A outra não sente mais. E qual é o sentido de sofrer pelo insensível? Por que sofrer por algo que te fez bem? Tentarei me explicar. Você amou. A pessoa te amou. Vocês foram felizes juntos e falaram todas essas meias-verdades. O “para sempre” acabou. Você ficou mal. Mas mal pelo o que? Se o amor é tão bonito, tão puro e capaz de mudar alguém bruscamente como dizem, não seria irônico dizer que todo esse “bem” faz mal a alguém? Então você não sofre pelo amor? Você sofre pelas promessas não cumpridas. Volto a minha pergunta: E qual é o sentido de sofrer pelo insensível? Se o “para sempre” da outra pessoa acabou, o seu pode muito bem acabar. Para que sofrer pela ilusão criada por ambos os lados? Enfim, qual é o ponto mesmo? O problema é que limitamos erroneamente tudo. Na visão de uns: Amor é um sentimento fácil de sentir, sente-se por uma pessoa que conhece há uma semana e diz ser inevitável amá-la; em citações, amigos são todas as pessoas que conhece; colega não existe, é só mais uma palavra insignificante que há na língua; conhecido então, nem se fala; e “para sempre” é momentâneo. NÃO! O amor é um sentimento forte, que você sente por quem você conhece de verdade; amigo é quem você confia tudo, que te ajuda – não necessariamente sempre – quando precisa e confia em você. E confiança só se tem em quem conhece; colega é aquela pessoa que convive com você, que você pode ter carinho por ela, mas que não confia plenamente; conhecido é quem você sabe quem é, mas nunca conversou com ela direito e não tem carinho algum; e o “para sempre”, simplesmente abrange todo o tempo de vida, desde o momento em que falou, - por exemplo, um eu te amo para sempre – até a sua morte. Consegui te fazer me entender? Não é difícil. Simplesmente a ilusão surge através do significado não visto das palavras.